Backer pede para voltar a vender cerveja, inclusive Belorizontina

Empresa quer comercializar lotes liberados pelas autoridades

A Cervejaria Backer, investigada desde janeiro por suspeita de contaminação por dietilenoglicol em seus produtos, quer voltar a vender cerveja. Em nota enviada à imprensa nesta segunda-feira (8), a empresa afirmou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atestou a qualidade de 219 lotes, dos quais 78 são da Belorizontina – marca consumida pelas vítimas que, após a ingestão, foram internadas com sintomas da intoxicação. O inquérito da Polícia Civil relata a existência de 42 pessoas que teriam sido intoxicadas pela bebida, sendo que nove morreram. 

De acordo com a Backer, a venda desses lotes custearia os compromissos empresariais da cervejaria, como colaboradores, funcionários e fornecedores, e outra parte seria destinada a pagar o auxílio às vítimas da intoxicação pelo produto.

No site do Mapa, a última atualização sobre a contaminação nas cervejas lista 53 lotes nos quais foi detectada a presença de monoetilenoglicol e/ou dietilenoglicol. Trinta deles são da Belorizontina. Durante as investigações, todos os 70 tanques da cervejaria foram lacrados, mas 66 deles foram liberados pelo Mapa no fim de abril por não apresentarem a presença das substâncias.

A empresa afirma que tem um estoque com 443 mil garrafas dentro do prazo de validade. São 240 mil litros da bebida e, segundo a Backer, só serão comercializados os produtos analisados e certificados pelo ministério.

O Mapa foi procurado para confirmar as informações dadas pela empresa, mas ainda não se manifestou sobre o assunto.

Vítimas

A justificativa da empresa também aponta o custeio dos tratamentos das vítimas como um dos destinos do dinheiro que viria da venda das cervejas. As vítimas informaram, por meio do advogado André Couto, que concordam que as vendas sejam retomadas, desde que o valor seja inteiramente destinado ao custeio dos tratamentos, que foi determinado pela Justiça e, até hoje, não foi cumprido, conforme o advogado.

Em maio, a cervejaria chegou a pedir na Justiça a suspensão da obrigação de pagar o tratamento única vítima que estava recebendo o dinheiro, mas teve a solicitação negada. A Backer afirmou que não tinha condições de arcar com a despesa, já que teve os bens bloqueados no início do inquérito.

O pedido da cervejaria foi feito na mesma época em que os proprietários do galpão onde a fábrica está instalada pedirem o despejo dos locatários por inadimplência. Segundo a solicitação enviada à Justiça, a Backer já devia R$ 23.473,28 à época.

A produção e venda de produtos da fábrica está paralisada há cerca de cinco meses. Em nota, a Backer informou que “jamais descumpriu qualquer decisão judicial e não irá se furtar de suas responsabilidades no caso”. (Com Lara Alves)

Fonte: Otempo